Reflexões sobre o esporte.

Circulou na lista de discussão "amigos voadores" essa semana:
"É bem melhor estar aqui em baixo desejando estar lá em cima, que estar lá em cima desejando estar aqui em baixo. Mas se estiver na roubada e for enfrentar um pouso de emergência, abra bem os olhos para ver a área de pouso. Se você não gostar do que está vendo, feche os olhos. Para evitar isso, lembre-se sempre que você pilota com a cabeça e não com as mãos. Nunca permita que a asa leve você a algum lugar onde sua cabeça não tenha chegado cinco minutos antes. Porque voar é a segunda maior emoção conhecida pelo homem. Pousar é a primeira. E lembre-se sempre, a probabilidade de sobrevivência é proporcional ao ângulo de chegada. Todo mundo sabe qual a definição de um bom pouso: é quando você pode sair dele caminhando. Mas pouca gente sabe a definição de um ótimo pouso: é quando, além disso, você pode usar a asa outra vez.
Dica filosófica: Decisões acertadas vêm com a experiência, e a experiência vem com decisões erradas.
Dica prática: Tente manter o número de pousos igual ao número de decolagens. Faz bem à saúde.
É isso aí, galera. Bons vôos e ótimos pousos a todos. Paulão"

Federação Catarinense: Nova Diretoria.

Definidos os nomes que passam a compor a nova diretoria da Federação Catarinense de Vôo Livre, nas respectivas funções: Presidente - Célio Vendrami (atual presidente do CPM); Vice-Presidente - Guido G. Lutz; Secretario - Anderson L. Kavalski (atual presidente do Atalaia); Tesoureiro - Clovis Tonolli (atual presidente do TCVL); Diretor técnico de ASA - Henrique Frasson de Souza; Diretor Técnico de Parapente - Edson do Santos; Segundo Tesoureiro - Luciano M. Martins; Conselho Fiscal - Adilson França, Donizete B. Lemos e Donaldson t. Espírito Santo. Pilotos de todo o Estado fazem votos que tenhamos uma administração pró-ativa, comprometida com o esporte, sem distinção de modalidades.

Campeonato Brasileiro de Asa Delta: 1ª Etapa.

Estamos a uma semana do início do Campeonato Brasileiro de Asa Delta 2008. A primeira etapa acontecerá entre os dias 1º e 08 de março, na cidade de Castelo, Espírito Santo. O local é inédito para competições nacionais de asa delta. A 140 km de distância da capital Vila Velha, Castelo tem merecido destaque pela ótimas condições de vôos, já tendo sediado competições nacionais e internacionais de parapente. Pilotos de vários estados estarão presentes no evento e prometem uma disputa acirrada, principalmente porque essa etapa dá início, também, à seletiva da equipe que irá representar o Brasil no mundial de 2009. André Wolf, atual campeão brasileiro, recordista catarinense, gaúcho e brasileiro de distância livre, estará defendendo o título. Em 2007, pilotando sua Moyes Litespeed RS, sagrou-se campeão superando outros grandes nomes do esporte. A maioria dos pilotos de competição vem do eixo Rio/São Paulo, mas a presença de representantes do Rio Grande do Sul e Distrito Federal também está garantida. Provavelmente, Santa Catarina ficará outra vez sem representantes no campeonato nacional, pelo menos nessa etapa. O único piloto catarinense a participar de etapas do circuito brasileiro , Robert Etzold, de Balneário Camboriú, ainda não confirmou presença. Além da disputa pessoal, será grande também a rivalidade entre os grandes fabricantes, pois será mais uma oportunidade de testar a competitividade das novas asas e sua respectivas inovações. A Moyes, até o momento, vem dominando o mercado e também as competições ao redor do mundo com sua asa de competição, a Litespeed RS, mas seguida de perto pela americana Wills Wing, que recentemente lançou a T2C, uma asa de fábrica pronta para as competições, e merece destaque ainda a Aeros Combat que tem sido representada por grandes pilotos e com isso, aos poucos, passa despontar no mercado. É isso aí, para quem não pode estar lá, resta acompanhar os resultados via internet e voar em pensamento junto com a galera. O site oficial do evento é o http://www.hipoxia.com.br/, mas você pode ainda acompanhar no blog do superrace2008.

O que houve com o Flexicotton 2008?!?!?

Janeiro se foi, fevereiro está praticamente no fim e até o momento pilotos de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul aguardam, sem notícias, o início da terceira edição do campeonato de cross country do sul do país, até então denominado Flexicotton. Será que ele vai realmente acontecer?

Sua primeira edição aconteceu em 2006, voltada apenas ao pilotos de parapente do Estado de Santa Catarina. Despertou o interesse de muitos e mereceu destaque pelas grandes distâncias voadas e recordes quebrados.

Em 2007 uma novidade, o evento foi aberto também aos pilotos de asa delta e abraçou ainda os Estados do Paraná e Rio Grande do Sul. Em nossa região o ano não foi dos melhores para grandes distâncias, mas mesmo assim o eventou foi um sucesso absoluto. Cerca de 100 pilotos inscritos, 513 vôos enviados, e uma média de 28,94 km por vôo, totalizando 15.476 km voados ao longo do ano. O que está acontecendo então?

Durante a cerimônia de premiação do Flexicotton 2007, que aconteceu na cidade de pomerode em dezembro último, os dados e gráficos apresentados não deixaram dúvidas de que o eventou estava consolidado, e os objetivos plenamente atingidos. Todavia, uma incerteza pairou no ar, pelo menos foi essa a impressão deixada, e diz respeito à responsabilidade pelo evento de 2008. A Flexicotton continuaria à frente da iniciativa? Ficou claro para todos que, talvez, não. Surgiu a figura da Sol Paragliders que demonstrou grande interesse em assumir "a criança". Acontece que tudo isso gira em torno de negócios, e pelo jeito ainda não foram concluídos, o que é uma pena, pois é possível perceber que a galera está muito mais ansiosa pelo evento em si do que propriamente com quem o levará a diante.

Independente de premiação, disso ou daquilo, o campeonato tem um aspecto bem interessante, que é possibilitar o acompanhamento, via net, de onde estão rolando os melhores vôos, quantos km's fulano fez naquela rampa, a análise de cada vôo, identificação das diferentes rotas através do google earth. Enfim, voar, mesmo que seja na frente do computador.

Tem doido pra tudo...

Mais um tornado em Santa Catarina.

Estão virando rotina as grandes tempestades que varrem o Estado de Santa Catarina. Algumas delas têm força avassaladora. No último sábado, um tornado se formou próximo à cidade de Tubarão, causando estragos significativos por onde passou (foto ao lado). As tempestades de verão têm sua origem através da formação das nuvens denominadas cúmulo-nimbos, os temidos CB's, na linguagem do vôo. Acontecem com mais freqüência em Santa Catarina durante os meses de janeiro e fevereiro, quando a conjunção de altas temperaturas e umidade do mar criam uma perigosa combinação, que em alguns casos chega a evoluir ao nível de tornado, dependendo do relevo da região e dos ventos atuantes. Para os praticantes do vôo livre a formação de tempestades são um perigoso ingrediente para a prática do vôo, pois se formam de maneira rápida e de certa forma até mesmo imprevisíveis para os mais desatentos. Atenção e cuidado são imprescindíveis, afinal de contas, com a natureza não se brinca. Felizmente apenas uma vez me vi em situação de perigo em vôo devido à formação de um CB. Foi ainda quando era novinho em Brasília. O dia estava espetacular, já tinha realizado um bom vôo e me encaminhava para o pouso quando avistei uma pequena coluna de fumaça que subia completamente na vertical, carregando consigo folhas secas e sacos plásticos. Resolvi então dar uma "esticadinha" no vôo, acelerei o brinquedo e fui direto na sua direção. Não deu outra, antes de chegar no miolo já estava subindo com tudo, fui dos 100 aos 800 metros com muita rapidez, só não percebi que o céu tinha escurecido em cima de mim. Daí para frente, foi aquilo. Um pequeno CB se formou, mais uma vez marcha no talo, barra na cintura e uma adrenalina louca para fugir do problema, felizmente deu tudo certo, apesar de ter pego muita chuva até pousar e de ter levado muito sacode na tirada estratégica. No final pouso são e salvo. Naquele dia a inexperiência falou mais alto, não posso nem dizer que foi irresponsabilidade, pois não sabia dos perigos envolvidos, agora já sei e passo longe deles, para continuar voando por muito e muito tempo ainda.

LCVL e FCVL: Troca de Comando.

Após dois anos, chega ao fim a atual gestão da Federação Catarinense de Vôo Livre e, também, do Lagoa Clube de Vôo Livre, de Florianópolis. As entidades convocam seus afiliados para reunião de definição dos nomes daqueles que estarão à frente das entidades no próximo biênio 2008/2010.
Reunião da FCVL: 23 de fevereiro (sábado), às 18 horas, na sede da Associação dos Bairros em Timbó, no pouso oficial da 2ª etapa do CCP.
Reunião do LCVL: 1º de março (sábado), às 13 horas, na sede do Clube em SAI.
Composição ideal sugerida: Diretor Presidente; Vice-Presidente; Secretário- Gestor de parapente; Gestor de asa; Diretor Financeiro; Diretor de Cobrança; e Gestor de Serviços Gerais (troca de birutas).

Interditado o acesso à rampa do Escalvado.

Sabe aqueles dias em que você está simplesmente fissurado para voar, torcendo para que chegue logo o final de semana após uma semana sacal dentro de um escritório... Para mim, ontem foi um desses dias. O bom é que as previsões indicavam condição de vôo para o sábado, então era só preparar tudo e aguardar o dia amanhecer. Foi o que aconteceu, a asa já dormiu em cima do carro, bem amarradinha, o rádio estava carregado ainda do último vôo e até o resgate estava confirmado. Tinha tudo para ser aquele dia de vôo não é.... pois é, não foi. Apesar do teto um pouco baixo no caminho para a rampa, as formações estavam consistentes e a direção do vento se mostrava ideal para, quem sabe, um voozinho do Escalvado até a Praia Brava, em Itajaí. Mas nada disso aconteceu, sequer pude montar minha asa, ou ao menos ver a beleza da região lá de cima do morro. Acontece que as fortes chuvas que antecederam o carnaval jogaram meus planos por água abaixo. Isso mesmo, literalmente, pois mais uma vez a natureza mostrou sua força, toneladas de barro, troncos e galhos de árvores foram lançadas na estrada. Deve ter sido um deslizamento e tanto, pois um trecho de aproximadamente 100 metros da estrada simplesmente desapareceu debaixo de uma montanha de lama e árvores. O trabalho para liberar o único acesso às rampas de decolagem do Escalvado será árduo e irá requerer maquinário pesado. A única esperança será o auxílio da Prefeitura, pois por conta própria não sei se teremos condições de fazê-lo, já que é pequeno o número de pilotos locais. É uma pena, passei o resto do dia fissurado. Quem sabe amanhã em Canelinha, se a estrada permitir.
Nas fotos abaixo, o trecho destacado por um linha branca indica as margens da estrada que antes passava por ali.



Asa x Parapente (em dólares)

Achei bastante interessante uma discussão que rolou na lista "Amigos Voadores" nesses dias. Dizia respeito à falsa impressão de que a opção de voar parapente ao invés de asa, economicamente falando, seria mais favorável. O Marcelo Montedonio, piloto de asa por dez anos e há quinze no parapente, escreveu algumas palavras que achei bem interessantes e me fizeram perceber que eu também estava errado ao pensar que voar de parapa seria muito mais "barato":
"É realmente interessante observar algumas "pequenas" diferenças de preços de asa e parapente. Aparentemente, o parapente tem um preço mais atrativo do que uma asa, mas é preciso estar atento para o fato de que o parapente se deteriora muito, mas muito mais rapidamente do que qualquer asa. Por esta razão, a médio/longo prazo, o custo de aquisição de equipamentos para voar de parapente, é incomparavelmente maior que o de asa. Fui para o parapente pela comodidade, facilidade logística e 2 hérnias de disco que davam o ar da graça sempre que eu colocava uma asa nas costas e que nincomodavam bastante. Voei 10 anos de asa e neste período tive 5 asas.... média de 1 asa a cada 2 anos. Estou há 15 anos na galera do "pano de prato" e já teve ano que troquei de vela por 2 vezes.... na média eu troco 1 vez por ano. Faço isso porque quero equipos bem atualizados em termos de construção e arquitetura e sei, sem nenhuma dúvida, que pago um preço bem superior por voar de parapente. Ocorre também que a tecnologia de construção de parapentes ainda não é tão estável quanto a tecnologia de asa. Por esta razão, os ganhos de uma geração para outra no parapente, ainda são muito mais significativos que os de asa. A tendência a médio/longo prazo, é que os ganhos no parapente sejam cada vez menores, a exemplo do que rola nas asas. Pessoalmente, eu espero uma menor deterioração da vida útil das velas e consequentemente, uma redução nos preços. Mas dizer que voar de parapente é mais econômico do que voar de asa, é no mínimo, um equívoco de quem só olha as árvores e se esquece de ver a floresta."
A asa ao lado nada mais é do que uma Laminar Z9, o modelo de competição mais autal do fabricante europeu Icaro2000. De design arrojado o equipamento está entre os melhores do mundo. Quando iniciei no vôo livre, em 1998, na cidade de Brasília, a Laminar era líder absoluta no mercado brasileiro de asas delta. Na capital federal, a proporção era de 08 em cada 10 asas voando, sendo que as demais eram as velhas Klassic, ainda com king post. Não era por menos, a grande maioria dos pilotos top do mundo, incluindo o Tri-Campeão Munfred Rummer, voavam as Icaros e ditavam as regras no esporte. Com o passar do tempo, a empresa continuou evoluindo e aprimorando suas técnicas de fabricação e desenvolvimento dos equipamentos, mas um fator alheio à vontade do fabricantes quase exterminou, no Brasil, aquelas que durante muitos anos foram consideradas as melhores asas do mundo. Não foi falta de investimento ou inovação, as asas continuam alucinantes, o que falou mais alto foi a "economia global". Com a excessiva valorização da moeda européia frente ao real e ao próprio dólar, chengado perto à casa dos R$ 4,00 em determinados períodos, as Laminares praticamente desapareceram no mercado nacional. Dificuldade para uns oportunidades para outros. Foi nesse período que os "dealers tupiniquins" buscaram novas alternativas e dividiram o mercado brasileiro entre as fabricantes Moyes (australiana) e Wills Wing (americana), e mais recentemente ainda com a Aeros, quando o Carlinhos Niemeyer, passou a ser distribuidor da marca e deixou claro a todos, com muito vôo, que a asa também é muito boa. Todas as marcas produzem equipamentos fantásticos, de altíssimo nível, e competem de igual para igual a cada ano, geralmente com inovações bem semelhantes lançadas no mercado quase que simultaneamente. Nós pilotos, temos nossa preferência por uma ou outra marca em especial, mas no fundo, persiste um saudosismo pelas Laminares, aquela sensação de que elas continuam voando em altíssima performance mas fora do alcance das nossas possibilidades financeiras.
Reparem o ângulo de ataque do brinquedo acima, e vejam no site da ICARO2000 outras imagens e informações sobre o produto.

A expansão dos Planadores.

O fenômeno dos planadores. Cada vez mais presentes no dia a dia do vôo livre, os planadores têm passado por uma revolução silenciosa. O número de aficcionados pelo esporte é cada vez maior. Na busca constante por adrelanila e a emoção do vôo livre, pilotos de vários categorias dos esportes aéreos têm experimentado o arrojo das subidas fortes e consistentes, a adrenalina das grandes velocidades e a autonomia de longos vôos sem auxílio de propulsão. Assim são os planadores, proporcionam emoções bem semelhantes às do vôo de asa delta, com alguns diferenciais.

Presentes em várias regiões do país, os clubes têm visto crescer o número de adeptos ao esporte. Enquanto nós da asa falamos em "clube dos 100", fazendo referência aos pilotos privilegiados que já fizeram vôos superiores aos 100 km, é comum ouvir no meio dos planadores a expressão "clube dos 1000", que nada mais é do que a mesma referência que a nossa, mas com um pouco mais de distância voada. E olha que é grande o número de pilotos que fazem parte deste seleto grupo. Na região de Brasília, conhecida pelas excelentes condições para o vôo livre, existe o aeroclube de Formosa, e por lá, geralmente, a galera decola para fazer uns voozinhos de 500 km, não raro. Quem já voou de asa na capital federal talvez já tenha tido a oportunidade de enroscar uma termal com um desses pássaros de grande envergadura.

A organização do campeonato paulista de asa delta de 2008, mantendo o compromisso com a melhoria das competições no estado, resolveu inovar.
Como nosso esporte depende de condições climáticas favoráveis, ao longo do ano inúmeras etapas são perdidas pela falta de cooperação de "São Pedro". Vão por água abaixo também todo o empenho da galera que deu duro para que ela acontecesse, sejam os organizadores, patrocinadores, entes públicos e também a comunidade local, que sempre aguarda anciosa para ver um espetáculo de cores no ar.
Pensando nisso, em 2008, a exemplo do que já ocorre no campeonato catarinense de asa delta, os paulistas criaram a figura da "Janela", que nada mais é do que um período de 03 finais de semana consecutivos reservados para a realização da etapa em determinada localidade. Caso na primeira data a condição seja desfavorável, a organização anunciará sua transferência para o final de semana seguinte, e assim por diante.

Dessa maneira, os esforços realizados para cada etapa, como produção de troféus, confecção de camisetas, planejamento e logística, ficam preservados.

Apesar desse formato já ser utilizado aqui, em terras catarinas, uma coisa poderíamos aprender com eles. O cancelamento da etapa será informado com a devida antecedência, provavelmente na quinta-feira anterior. Dessa forma os pilotos também podem se programar e evitar o desperdício de alvarás, tempo e dinheiro, além de não se perder uma tarde ou duas na rampa esperando para ver se vai dar vôo, quando na verdade já se sabe que não há condição.

É claro, as previsões não são exatas, erros irão acontecer, mas a possibilidade de boas etapas e menos frustração geral deve falar mais alto.

E qual o problema se a previsão realmente falhar, uma etapa for cancelada e no sábado pela manhã abrir aquele céu. Ao invés de perdermos tempo criticando a organização, deveríamos agradecer aos céus, pegar nossos brinquedos e ir para o playground em busca de diversão. Melhor ainda, sabendo que a etapa ainda vai rolar naquele pico.